Muitas vezes recebemos a queixa de que um gatinho é bravo, ou não gosta de ser pego no colo, ou não gosta de lugares altos. As alterações de comportamento são os primeiros indicativos de dor em gatos e você é parte da equipe de cuidados de saúde em casa, uma vez que você poderá identificar essas alterações precocemente se for bastante observador.
Na maioria das vezes os sinais clínicos de dor são sutis, pois os gatos não gostam de demonstrar vulnerabilidade – uma característica herdada dos seus ancestrais. Isso pode dificultar o reconhecimento da dor, principalmente se tratando de uma espécie estóica e não-verbal. Nós, veterinários da Gattini, somos treinados para reconhecer a dor em gatos. Por isso, se o seu gatinho tiver um diagnóstico de dor que você não percebeu, não se sinta culpado – nós estamos aqui para te ajudar.

DOR AGUDA VERSUS DOR CRÔNICA
A dor é um sinal vital que deve ser avaliado em todas as visitas ao veterinário.
A dor aguda pode acontecer devido a um trauma, uma queda, uma cirurgia, uma fratura, uma doença aguda, mas sempre será mais fácil de ser percebida pois é algo pontual que tipicamente segue com uma mudança brusca no comportamento. É uma dor que existe para poupar o corpo durante o período de recuperação do organismo.
A dor crônica é aquela que incomoda, porém, o paciente “se acostuma” a sentir a dor constantemente, por um período superior a 3 meses. A dor crônica é o verdadeiro desafio diagnóstico para os tutores e para veterinários generalistas, que não conseguem observar as sutilezas do paciente felino. A Doença Articular Degenerativa é uma das principais condições clínicas que leva à dor crônica em gatos, acometendo 40% dos gatos jovens e até 95% dos gatos a partir de 10 anos.

RECONHECENDO A DOR EM CASA
Os principais sinais de dor em gatos são comportamentais e estão descritos abaixo:
- Perda de apetite
- Se esconder
- Evitar se movimentar, como pular ou subir escadas
- Baixa tolerância a brincadeiras (o gato “preguiçoso”)
- Dificuldade de se levantar, andar ou sentar
- Alteração nos hábitos de lambedura – se lamber demais ou criar nós em uma região específica do pelo
- Alteração nos hábitos de urinar e defecar (fazer fora da caixa ou evitar fazer)
- Olhos semi-cerrados
- Alteração na posição das vibrissas (bigodes paralelos ao chão)
- Orelhas afastadas ou caídas
- Cabeça caída
- Sensibilidade, vocalização ou agressividade ao toque
MANEJO DA DOR
Uma vez identificada a causa da dor, o médico-veterinário de felinos poderá discutir com você qual é a abordagem mais apropriada, criando um plano individual para o manejo de dor daquele paciente e levando em consideração dificuldade de administração de medicamentos e estresse do paciente.
Além de medicamentos próprios para dores agudas ou crônicas, outras ferramentas podem colaborar no tratamento da dor:
- Fisioterapia
- Acupuntura
- Fitoterapia
- Laserterapia

MONITORANDO A DOR
Muitas vezes os nossos pacientes com dor crônica, em especial aqueles com Doença Articular Degenerativa, precisarão acompanhar de perto e para o resto da vida usar medicamentos para dores crônicas. Durante o tratamento ao longo da vida do gatinho, essas dores podem piorar ou melhorar, inclusive com a variação das estações do ano, uma vez que as dores articulares tendem a piorar durante o inverno. É importante não interromper o tratamento sem recomendação do médico veterinário de felinos.
Certifique-se de monitorar a quantidade de medicações que você tem para que o seu gatinho não fique sem o remédio de dor, uma vez que a prescrição de diversos medicamentos é controlada e deve ser prescrita por um médico veterinário após a avaliação do paciente.
Cuidar da dor é promover saúde e qualidade de vida!
M.V. Anna Bandini
CRMV SP 37891
Graduada na Universidade Federal Rural do RJ, tem pós graduação em Medicina Felina pelo Instituto Qualittas, é membro da associação Americana de Clínicos de Felinos (AAFP), certificada como Veterinária Cat Friendly na AAFP e membro da Academia Brasileira de Clínicos Felinos (ABFEL).
